Editorial 2011/02

Este Editorial em PDF

Um editorial pode descrever um estado de coisas organizado, na edição ao qual se atrela. Mas quando o faz, está mais próximo da opinião do espaço público do que do nobre espaço público das batalhas tipográficas pela verdade. Ou seja, um editorial, enquanto espaço mais ou menos anônimo, não é totalmente inocente.

Mas com isso não queremos dizer que o editorial também seja uma região para se interrogar o presente, acerca das nossas perfídias sociais, e deambulante sobre a incapacidade guardada nas reflexões que introduz, de rebater ao mundo. O papel do editorial é sempre poroso demais ou de menos para lamúrias. Mas sim, um editorial – uma vez que consegue se desviar das delícias das ironias sem causa – veicula uma verdade. Senão uma verdade das grandes, uma verdade tipográfica.

No mínimo, o editorial deve falar de modo sincero acerca das escolhas das palavras que resolveu abrigar no número que abre. E tal sinceridade deve ser mantida, ainda quando, ao invés de escolher, seja lá o motivo, for escolhido pelas palavras. A verdade, desse terceiro número, é que o pensamento é uma atividade desenvolvida por necessidade e não por escolha, que é como dizer que não se escolhe a verdade, mas se é escolhido a expressar a sua natureza escorregadia.

Mas por que se tornar disponível a ser escolhido? Por que não fechar as portas ao necessário? O contrário, as portas devem restar sempre fechadas. Ainda que sob vigília. Ora, digamos, a palavra escrita, ocaso, não se justifica senão aos condenados.

Os Editores.

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This Editorial in PDF

An editorial can describe an organized state of affairs, in the edition which it is tied. But when it does, is closer to the opinion of the public space than the noble public space of typographical battles for the truth.That is, an editorial, while space more or less anonymous, is not entirely innocent.

But this does not mean that the editorial is also a region to interrogate the present, about our social perfidy, and itinerant about the inability, stored in the reflections that introduces, to rebut the world.The role of an editorial is always too much or too less porous for whining. But yes, an editorial – once manages to divert itself from the delights of the ironies without cause – conveys a truth. If not one of the great truth, a typographical truth.

At least, an editorial should speak in an honest way about the choices of words that decided to host in the number that it opens. And this sincerity must be maintained, even when, instead of choosing whatever motive, is chosen by the words. The truth, of this third number, is that the thinking is an activity developed by necessity and not by choice, what is to say that someone do not just choose the truth, but is chosen to express its slippery nature.

But why become available to be chosen? Why not close the doors to the necessary? The contrary, the doors should always remain closed. Even under wakefulness. Now, we say, the written word, decline, can not be justified, but to those who are condemned.

The Editors.