Editorial 2013/02

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O melhor lado de editar uma revista acadêmica é pensar na amostra que desejamos ofe­recer da produção intelectual que assistismos. Isso quer dizer que editar uma revista desta natureza é antes de tudo prestar a atenção ao que nos cerca, na pluralidade dos discursos que se formam, ao mesmo tempo em que temos de aprender a entendê-los. Ver nos dá prazer. Um mundo de acontecimentos se nos dão. Não há como mostrar tudo. Então apontamos os dedos para o que possivelmente pode oferecer uma imagem coerente deste rastreamento que julgamos poder influenciar.

Assim a nossa revista não é apenas de estética ou de filosofia política. Ela é, sobretudo, sobre essa atenção que exercitamos. Ela é também representativa de certa circulação intelectual que acontece no Laboratório de Estudos Hum(e)anos. Somos mais de uma dúzia. Dá para imaginar quantos livros nos caem às mãos, quantos filmes assistimos, quantos romances nos tocam? Nessa profusão de imagens é preciso escolher o que fazer e este número representa um pouco essa escolha, que é também uma amostra do modo como o nosso gosto se refinou, para o bem ou para o mal.

É isso, este número é composto de 5 artigos e uma crítica de arte.

A língua principal do nosso periódico é o português. Mas somos um grupo poliglota, por assim dizer. Este novo número é exemplar da nossa pluralidade de idiomas. O crité­rio que utilizamos é o do ineditismo do ensaio no idioma veiculado. O primeiro artigo foi escrito em inglês e versa sobre Descartes e Quine, ele é da lavra do Marcelo Araújo. Depois temos uma reflexão sobre a ciberpolítica em entudo do Cons­tantino Pereira Martins.

É central neste as duas traduções que apresentamos de investigações do James Spencer sobre Adam Smith e Marx. Somos uma revista humeana, que publica artigos sobre Hume, mas não apenas, mas sempre aqueles que de alguma forma entram nesse campo difuso que denominamos de humeano. Todavia, esses dois artigos trazem o esforço de pensar algo dos efeitos descritivos do ceticismo em conjunto com a dialética, ainda que não façamos tanta idéia do resultado da empreitada.

O último é uma linda, linda reflexão de Mariana Amato sobre Clarice Lispector.

A crítica de arte é da lavra do mais novo professor da Escola de Belas Artes da UFRJ. Ivair Reinaldim pensa sobre a exposição Mise en Scène de Eloá Carvalho, que teve lu­gar na Galeria de Arte do Centro Cultural do IBEU. Este texto também serviu de linha curatorial para o mesmo evento.

Agradecemos a nossa equipe de edição: Hugo Arruda Júlia Paes Leme e a todos os que permitiram este número ser feito, em especial aos autores.

Editores.